Miti Sawaki, artista desde a adolescência e com forte influência de animes e mangás – mas também com um estilo próprio que está sempre se redescobrindo – é formada em Artes Visuais pela UFPA. Em “Eu Existo” – web comic fruto de seu TCC –, retrata parte de sua trajetória de vida em busca de autoconhecimento e um lugar no mundo. Uma história que não fala apenas sobre autoria, mas também sobre uma realidade comum para muitas pessoas.

 

Na série, Miti expõe, de uma maneira extremamente sensível, tocante e, talvez, gritante, fragmentos de jornada enquanto humano. Narra a história de uma pessoa que tenta se encaixar em padrões impostos por uma cultura que, por vezes, se manifesta de maneira tóxica, unilateral. Denunciando, desse modo, a violência silenciosa que muitas pessoas vivem de maneira a não ser percebida (ou ignorada) pela maior parte da sociedade.

 

A série de apenas cinco páginas (incluindo a capa) retrata bem a técnica de pintura e o domínio sobre as cores que sua autoria possui. Denota bem, em cada folha, as situações e momentos vividos pela protagonista. Tudo começa com tons mais leves e claros, com sorrisos e brincadeiras, de maneira a mostrar situações quase oníricas, como se tratasse de representações de lembranças boas, mas distantes. Segue-se, então, por tons fortes e saturados, provavelmente a fim de passar sentimentos de raiva e de vulnerabilidade, o que desagua no terceiro momento, expressado todo em preto e branco, e que se encaixa bem na condição existencialista e filosófica apresentada. A última página, por fim, é pintada nas mesmas cores da capa, as cores do orgulho não binário, de forma a expor o momento em que protagonista encontra pessoas que passam pela mesma situação. Percebe-se, nesse sentido, não como alguém invisibilizado na sociedade, mas pessoa que EXISTE, resistente.

 

 

 

¹. Keven Magalhães é discente do curso de Licenciatura em Artes Visuais (FAV/ UFPA) e bolsista do Projeto de Extensão “Memórias das Artes Visuais: Arte, Cultura e Patrimônio nas Redes”