No dia 19 de maio de 2019, Sandra Graffi, estrela e musa do Cinema Nacional, na década de 1980, esteve na Faculdade de Artes Visuais (FAV) da UFPA, para um bate-papo sobre o Cinema da Boca do Lixo. Agora, às vésperas dessa visita completar dois anos, a FAV apresenta o documentário O Cinema da Boca do Lixo por Sandra Graffi, uma produção de 24 minutos, que traz o olhar único de Sandra Graffi sobre uma das tendências mais criativas e promissoras da história cinematográfica brasileira. Ela protagonizou 17 filmes e trabalhou com renomados diretores e produtores como Alfredo Sternheim, Walter Hugo Khouri e Antônio Polo Galante. 

 

Sandra Graffi viu o auge e também o declínio do movimento com a liberação de filmes de sexo explícito no Brasil. Esteve ao lado de nomes conhecidos que fizeram parte do movimento e até hoje integram a cena do audiovisual brasileiro, como Silvio de Abreu, autor de importantes telenovelas brasileiras, que chegou a ter uma produtora na região da Boca do Lixo. Também trabalhou com Luiz Castellini, Walter Hugo Khouri, Julio Bressane, Chico Cavalcanti, e com José Mojica, o Zé do Caixão, e o grande Ozualdo Candeias. Contracenou ainda com atores como Nuno Leal Maia, Sandra Bréa, Zilda Mayo, Elizabeth Hartman, Matilde Mastrangi, Vera Fischer  e  com a Xuxa, no polêmico filme Amor Estranho Amor (1982), de Walter Hugo Khouri.

Boca do Lixo –  O Cinema da Boca foi assim chamado em referência à região central da capital paulista conhecida como Boca do Lixo. O termo também foi adotado, à época, por vários jornalistas para se referir às realizações produzidas e identificadas como pornochanchada, nome dado às comédias maliciosas e de costumes realizadas no País que entraram em declínio após a chegada dos filmes de sexo explícito. A Boca do Lixo, à época, atraiu para região diversas produtoras cinematográficas, que ficaram sediadas principalmente nas ruas do Triunfo, Vitória, dos Gusmões e dos Andradas devido à proximidade com as estações ferroviárias e rodoviárias. Duas das três estradas de ferro da cidade, a Paulista e a Sorocabana (hoje pertencentes ao Governo do Estado), tinham nas imediações as estações de trens da Luz e a Júlio Prestes. Nesta área, estavam instaladas, por exemplo, a Polifilmes (então a maior distribuidora de filmes em 16 mm), a Columbia, a Paramount, a Warner, a Art Filmes, a Fama Filmes, a Pel-Mex, a França Filmes do Brasil, a Paris Filmes. Da região da Boca do Lixo paulista, nasceram produções de filmes dos mais célebres às populares pornochanchadas. Um exemplo é O Pagador de Promessas – a única produção brasileira que ganhou a Palma de Ouro no Festival Internacional de Cannes, realizado por uma empresa sediada em um prédio na Rua do Triunfo.

 

Acesso ao vídeo aqui.

 

Texto: Direção FAV